Francisco e Elisa faziam sempre juntos o caminho casa/escola. Desde esse verão, que se tinham tornado amigos. Eram inseparáveis.
Em Julho desse ano Elisa e a sua mãe mudaram-se para o bairro… do pai ela nunca falara, mas da mãe ela fazia gato-sapato.
Fugia, dormia fora, voltava, faltava as aulas, recuperava notas e acabava sempre por conseguir passar de ano. Fazia conversa com todos e chegava mesmo a inventar fábulas da sua triste vida para convencer os mais incautos a pagarem uma refeição quente. Muito inteligente, apenas um pouco rebelde, dizia a sua mãe aquando a interpelavam na mercearia ou no talho sobre a sua filha.
Até ao dia em que conheceu Francisco. Era misterioso o seu vizinho. Andava sempre sozinho, não falava com ninguém e ficava extremamente nervoso quando lhe dirigiam a palavra. Corava por tudo e por nada, desconfiava de tudo e de todos. Via-se que sofria. Elisa amou-o desde o primeiro minuto em que se falaram e os seus olhares se cruzaram. Um amor incondicional e inquebrável, como o de uma mãe pelo seu filho.A partir desse dia, nunca mais se largaram. Não havia lugar onde um estivesse que o outro não frequentasse também. Viveram experiências juntos que nunca poderiam partilhar com ninguém… Um com o outro aprenderam a beijar, aprenderam o que era intimidade… todas as tardes, fugiam os dois para o velho teatro abandonado, e entregavam-se um ao outro… descobriram como se acariciava, como provocar, quando recuar e recomeçar… Pertenciam-se e disso nenhum dos dois duvidava.
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