terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O meu Livro - Sem Título (ainda) VII

Todos os dias, Francisco seguia a mesma rotina. Gostava disso, saber que o minuto seguinte iria ser precisamente igual ao mesmo minuto do dia anterior… e por odiar surpresas, o dia vinte e três de Outubro iria ser o princípio dos piores tempos da sua vida…

Após o seu ritual da manhã, procurou a notícia. Nada! Um dia iriam apanhá-lo, e aí é que ia ser o bonito… chegou à repartição às, precisamente, 08:57, como todos os dias. Mas nada estava como antes… Começou a ficar nervoso, uma ansiedade que lhe tirava as forças dos braços e pernas… O Dr. Araújo não estava sentado à secretária, a mesa que fora outrora da Celina estava agora ocupada por uma rapariga nova. Odiava conhecer pessoas novas. Enervavam-no! E se ela o reconhecesse do intendente? Certamente quereria vingança… A sua secretária não estava milimetricamente arrumada… havia um termo ao lado da sua moldura que ostentava uma fotografia velha da sua querida e falecida mãezinha… um termo amarelo no lugar da sua moldura… e a moldura estava torta… ligeiramente inclinada… Bom dia Dr. Araújo – Conseguiu articular o nosso homem com o olhar fixo naquele termo amarelo… aquilo angustiava-o… – Olá Francisco Bom dia. Apresento-lhe… – Aquele termo amarelo não devia estar ali... – …aqui a nossa nova colaboradora, Andreia. Ela é novinha, está a aprender pelo que conto com a sua ajuda para o que ela precisar. Andreia reparou no olhar fixo de Francisco na sua secretária… – Oh desculpe, pousei o meu termo na sua mesa. Deixe-me tirá-lo… é que não consigo pensar sem café. O nosso homem respirou fundo de alívio, o termo saíra da sua mesa e a sua moldura voltara à posição correcta… tudo estava no devido sítio agora.

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