terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O meu Livro - Sem Título (ainda) XIV

. Os empregados deslizavam entre os convidados exibindo as suas bandejas de champanhe e canapés, a casa estava toda iluminada a meia luz com velas, centena de velas… O Dr. Araújo tinha sido chamado para o meio de uma acesa discussão sobre a forma como o povo esbanjava o seu dinheiro em carros de luxo e casas próprias… É completamente absurdo. O povo precisa de perceber que não se pode ser rico quando não se tem dinheiro… Até a minha empregada já anda a pensar num empréstimo para passar uma semana no Algarve. Depois queremos lá ir descansar e está aquilo empestado de povinho… não concorda comigo Dr. Araújo?
Um suave cheiro a canela pairava no ar. No jardim, um dueto de cordas, tocava uma música suave e baixa, para não “abafar” o burburinho murmurado das conversas triviais, banais até… mas repletas de formalidades… Ah, e o Sr. Eng. sabia da reunião da administração? Parece-me que a Juquinha está mais magra! Olá querida, a última? Estou gravidíssima! Outra vez?
Francisco detestava aquele tipo de conversas… aliás não gostava de conversas em geral, mas este tipo de conversas de circunstância cheias de opiniões e mexericos mexiam-lhe com os nervos… era aqui que a mesquinhez humana tomava forma e se transformava em bem estar social. Era nojento!

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